A verdadeira história do tabuleiro Ouija e as regras para jogar!

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Antes dos filmes de terror, o tabuleiro Ouija tinha uma fama nada ameaçadora

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(FOTO: WIKIMEDIA COMMONS (REPRODUÇÃO)

O tabuleiro de Ouija está relacionado com o espiritualismo e surgiu como um movimento religioso em 1848 e virou uma religião em 1893. O espiritualismo veio na mesma época (1957). As duas religiões acreditavam em espíritos e que era possível ter uma comunicação com eles.

Médiuns e sessões espíritas nessa época eram as coisas mais comuns e aceitas pela sociedade. Então acessórios para ajudar nessa comunicação eram comuns. Os tabuleiros de fala (“talking boards”) já eram comuns no século 19 nos EUA, mas em 1890, o empresário Elijah Bond teve a brisa de vender um desses junto com uma prancheta que deslizasse sobre as letras.

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Fonte: Galileu

Um dos seus funcionários, William Fuld, começou a produzir as próprias tábuas e tem crédito de ser o responsável por popularizar o jogo. Ninguém sabe da onde surgiu a palavra “Ouija”, mas o folclore aponta que seria uma junção das palavras “sim” em francês e alemão (“oui” e “ja”).

Segundo Robert Murch, historiador, esse nome seria uma sugestão da própria tábua numa sessão de Elijah Bond com sua cunhada Helen Peters. Mas é bem provável que essa manifestação tivesse a ver com a foto de uma mulher ativista chamada Ouida no colar de Helen.

Durante a 1ª Guerra Mundial a popularidade da tábua cresceu horrores. Lá cresceu um desejo de saber sobre o futuro e contatar entes falecidos. O Papa Pio X ficou preocupado e convocou J. Godfrey Raupert, “investigador psíquico” para alertar os fiéis sobre os riscos do jogo em 1919. Nessa época ele publicou o livro “A Nova Magia Negra e a Verdade Sobre o Tabuleiro Ouija”, relacionando o tabuleiro com a magia negra.

Em 1971 o livro “O Exorcista” (William Blatty) mudou a fama do jogo. O autor se inspirou num caso real de um garoto do estado de Maryland. Em 1949, ele teria feito contato com um demônio por meio do jogo. Depois o garoto teria sido possuído pela entidade. Com isso, a tábua de Ouija passou de instrumento para falar com os mortos para um objeto de invocação demoníaca. E a adaptação do livro para o cinema só aumentou mais essa fama!

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Livro “O Exorcista”, William Blatty – 1971

O uso do tabuleiro foi deixando de ser associado à religião com o tempo e ficou mais ligado ao ocultismo. Os católicos condenam o tabuleiro hoje, por exemplo. Mas, nada impediu dele continuar sendo popular e temas para filmes incríveis. Sabia que já foram vendidos pelo menos 15 milhões de tábuas na história?? É fácil achar esse tabuleiro em lojas de brinquedos – a dona atual da patente é a Hasbro.

Existe uma explicação científica chamada de “efeito ideomotor” para o movimento que rola no jogo. Isso é a influência da sugestão sobre comportamentos motores involuntários. Que?

O professor de neurologia Terence Hines escreve em seu livro (Pseudociência e o Paranormal – 1988):

A prancheta é guiada por exerções musculares inconscientes. A ilusão de que o objeto está se movendo sozinho é geralmente extremamente poderosa e suficiente para convencer muitas pessoas que realmente há espíritos trabalhando.

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Livro “Pseudociência e o Paranormal”, Terence Hines – 1988

REGRAS PARA USAR O TABULEIRO OUIJA

As regras consideradas oficiais foram determinadas pela companhia Novelty Kennard, a primeira empresa a patentear o jogo, em 1891.

1- É ideal jogar em dupla. Mas quanto mais pessoas, mais agitado o jogo vai ser. A dica valiosa é: nunca jogue sozinho ou num cemitério! Segundo a cultura popular, a falta de companhia ajuda que os espíritos atormentem quem está jogando. Desde o século 16 e principalmente a partir do 17, é comum ter a superstição de que cemitérios são frequentados por espíritos.

2 – Antes de contatar espíritos, é legal montar um clima para o jogo. Esperar anoitecer, apagar as luzes e acender velas e incensos é uma boa. Para conversar com algum parente específico, ajuda decorar o tabuleiro com joias e outras coisas do falecido.

3 – Escolha alguma pessoa para ser o médium, um tipo de porta-voz do grupo. Você pode colocar a tábua em cima dos joelhos de 2 participantes ou numa mesa. Os jogadores tem que estar dispostos nas laterais ou centrados na base da tábua. Tente não ver o tabuleiro de cabeça para baixo, pode deixar as mensagens mais confusas.

4 – Todos os participantes tem que colocar os dedos indicador e médio na prancheta. No começo, a peça tem que estar em cima da letra G (não existe explicação pra isso). Existem casos em que o tabuleiro precisa de um certo tempo para começar a responder. Se demorar demais, você pode mexer a prancheta em círculos.

5 – Comece o diálogo de um jeito simples e vai aumentando a complexidade das perguntas aos poucos. Você pode perguntar: Quantos espíritos tem nessa sala? Você é um bom espírito? Qual é o seu nome? Para resultados bons, todos precisam se concentrar apenas nas perguntas do jogo. É bom também que alguém anote os movimentos da prancheta para não esquecer as informações.

6 – A forma comum de terminar o jogo é falar “adeus”. Porém podem rolar imprevistos. Leonardo Trevisan (médium) diz que jogos como o Ouija costumam atrair espíritos brincalhões ou que tem uma moral pra cima. Se a prancheta passar pelos 4 cantos da tábua, isso significa que o espírito está presente. Se a peça fazer um oito sem parar, é sinal de que o espírito maligno está controlando o tabuleiro!

7 – Quando o espírito faz algum desses comportamentos, você deve presumir que ele quer sair do tabuleiro. Se isso acontecer, o risco principal é o espírito atormentar os jogadores por um tempo X. Para prevenir isso, encerre tudo: vire o tabuleiro de cabeça pra baixo ou conte de Z a A (ou de 9 a 0).

E ai, topa jogar?

Para quem curte assuntos misteriosos e sinistros, confira o vídeo do nosso canal onde contamos sobre a garota que inspirou o filme O Exorcismo de Emily Rose.

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Fontes: Mundo Estranho e Galileu

 

 

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